sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Falando em Platão...

Platão foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Juntamente com seu mestre, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, outro grande gênio, vale lembrar que Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental. Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles, considerado o grande pilar de todo o pensamento ocidental sendo o mesmo para muito, inovador por tratar de diferentes temas, entre eles a ética, a política, a metafísica e a teoria do conhecimento. Nasceu em Atenas, provavelmente em 427 a.C. (no ano da 88a olimpíada, no sétimo dia do mês Thargêliốn, cerca de um ano após a morte do estadista Péricles, e morreu em 347 a.C. (no primeiro ano da 108a olimpíada).
Para que melhor possamos compreender o alcance desse pensamento em uma breve apresentação convém esquematizar a filosofia platônica, resumindo os seus principais pontos de vista basicamente em duas teses:
Tese metafísica
O verdadeiro ser das coisas é, para Platão, a essência que não muda, conservando-se idêntica nos indivíduos (tal como a espécie humana, que não morre quando os indivíduos se extinguem). Mas como no mundo em que vivemos tudo está em permanente mudança, a essência imutável deve existir não nas coisas materiais e passageiras, porém numa outra dimensão, que o filósofo denomina “mundo inteligível”, oposto ao “mundo sensível” em que nos encontramos. Só as essências, também chamadas universais, existem verdadeiramente, sendo a imutabilidade o sinal distintivo da realidade completa, sem falhas. As coisas, perecíveis, arrastadas pela onda da eterna mudança (vir-a-ser) existem na medida em que participam das essências, paradigmas ou modelos (Idéias ou formas, na terminologia platônica), que elas refletem, e em razão das quais surgiram.
Tese psicológica
A alma tem afinidade com o mundo inteligível do qual se originou. Presa no corpo, como dentro de um cárcere, aspira retomar ao seu lugar de origem, e é essa aspiração, interpretada como desejo de imortalidade, que a conduz quando ela ama. Dividida entre uma parte superior, racional, que a leva para o alto, e uma inferior, dos instintos e paixões, que a puxa para baixo, onde a matéria domina, a alma deve superar as imperfeições do seu estado terreno, libertando-se gradualmente delas, para concentrar-se no conhecimento das essências ou idéias, que a Razão é capaz de apreender, quando consegue fugir ao império das impressões sensíveis, fugazes e ilusórias. Esse processo de libertação, pelo qual o verdadeiro conhecimento se efetiva, e que tem sentido intelectual e moral, é impulsionado pelo Amor (Éros) e ativado pelo Bem (Agathós), luz do mundo inteligível, a mais elevada de todas as idéias, que comparte da natureza da Verdade, e cujo brilho, que atrai e seduz a alma, resplandece nas próprias coisas. Essa sedução é própria dos seres e objetos belos, em que o Amor se fixa e à custa dos quais impulsiona a escalada do espírito, do sensível ao inteligível, sede da verdadeira Beleza e do verdadeiro Bem.

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