quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Um velho amargurado


Tenho um humor antiquário é assim que vejo todos os humores. E os mesmos que fazem parte do meu meio penso da mesma forma, e respeito antes de mais nada. Nossos humores ou correlatos com a realidade não cessam de se aprofundar, cada um com sua peculiaridade. Cada um deles é de uma lúdica estupidez, uma insondável juventude, mas penso que é nosso humor que faz parte e contorna a vida em sua infínitude. É ele que faz nascer e enfatiza o instante. Por isso escrevo palavras sem sentido que se retratam nesse espaço tão revigorante que é o meu meio social. Salve a América, aleluia temos  uma esfera de comunicação tão rápida quanto nossos pensamentos, ou será que não existem, mas pensamentos rápidos? Mas nossa!!! Vejam- só faltou uma vírgula e teve uma letra em um lugar errado. Bora rir e fazer sempre o pior. Ou melhor!!! Para demonstrar meu humor infantil, Bora debochar, fazer pouco caso dos infortúnios alheios... Estou certo, nunca erro. É a busca da verdade que fundamenta a existência. Mas não tenho razão; quem tem a razão? Mas afinal, para que serve a razão?


Boa pergunta. Pertinente ao mesmo tempo que ridícula. Estaria sendo desagradável apontando discrepâncias no paradigma da humanidade? Santo Deus dos gentios, de qual paradigma mesmo estou me referindo? Sim, a razão, a mesma que defende a noção de progresso e justifica o domínio tecnocrático. Sim, por que de onde estamos não podemos voltar. Né verdade? Isso se chama evolução jovens estudiosos. Não existem limites? E o papel da ética perante a razão como fica? Pessoas estão passando fome enquanto burocráticas arrotam luxuria em seus apartamentos luxuosos e seguros; crianças estão nas ruas nos semáforos vendendo balas e sendo humilhadas enquanto intelectuais debatem cidadania em salas pilhadas por teóricos desprezíveis. Sabe aquelas modelos que aparecem lindas e exuberantes em casacos de pele nas passarelas? Espero que todos saibam o numero de animais que foram mortos para sustentar aquelas magricelas sem vida. Com o perdão da palavra, compreendo absolutamente essa minha moléstia e sei mesmo exatamente onde está o mal: em cada um de nós. O que torna nossa crueldade ainda mais estupida? É inteiramente vergonhoso, o sentido ignóbil da existência humana - a crença em uma razão como objeto de emancipação do tipo humano da sua essência ordinária. O velho Kant tinha razão: não existe bondade natural, somos egoístas, ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos. É bem verdade que, muitas vezes, tal pensamento me torturou por algum tempo, e de vergonha perdi o sono durante alguns meses. Mas quem se importa? Alguém deveria se importar? E a ética? Onde fica no meio de tantas coisas imundas? Pobre daquele que acredita em uma ética neutra das atrocidades humanas. Mas por que tanta mágoa no coração? Sim, provavelmente quem dispara tantas feridas argumentativas contem um espírito mal amado ou no mínimo cultiva despeito pela vida. Oh! Como eu estou fatigado e saturado! Mas senhores, não me arrependo da minha fala nem tão pouco serei indiferente a minha base argumentativa. Não se trata de retórica, mas de vida. Não sou canalha, não sou herói, nem mesmo uma pessoa boa. Apenas termino a existência no meu lugar sem chamar atenção conservando lembranças tão confortantes como um clima de outono.  Eu sou um velho amargurado.


Por Claudio Castoriadis

Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

Sobre o texto o Existencialismo é um Humanismo


O texto O Existencialismo é um humanismo, foi escrito por Sartre para explicar o existencialismo e defender-se de críticas feitas por deturpadores. Em um texto bem estruturado e sucinto respostas são colocadas sobre diversas críticas de seus opositores. No ano de 1946, Jean Paul Sartre profere uma elegante conferência cuja transcrição daria origem a uma das mais polêmicas e, mais debatida defesa do existencialismo.

 Na ocasião o existencialismo fora acusado de se inclinar a caminhos vedados em um destino onde a ação é descartada. Colocando assim o existencialismo em uma filosofia que a mesma é antípoda: uma filosofia contemplativa. Nesse ponto o texto alerta para um tipo de filosofia burguesa que o comunismo aponta no existencialismo com suas críticas. Uma outra crítica que pesou contra o existencialismo foi derivada da igreja católica. Nesse sentido foi usada como pretexto contra o existencialismo a deturpação do lado luminoso da natureza humana. Crítica especifica da senhorita da igreja católica Mercier. Mediante essas acusações compreendemos que as ideias que o Sartre tratou de se defender foram: a de haver negado a solidariedade humana, por considerar o homem um ser vivo e isolado e a incapacidade de retomar o altruísmo com o próximo.

 A crítica feita pela igreja foi uma descarada acusação de que o existencialismo nega a realidade e a seriedade dos costumes humanos. Crítica essa instaurada simplesmente por negar os mandamentos de Deus. As acusações foram tantas que o Sartre teve que delinear de forma clara e objetiva o conceito humanista do existencialismo. Que fique bem claro, ao contrário da crítica base que é imputada, de que o existencialismo enfatiza o lado negativo da vida humana, é preciso atentar que na verdade o existencialismo é uma doutrina que torna a vida humana possível e que declara que toda verdade e, por conseguinte toda ação implica uma subjetividade humana.

O texto também alerta para o modismo que circula em torno da palavra existencialismo. Em Várias artes do conhecimento humano o termo é utilizado como carro chefe. Onde tal Filosofia se destina exclusivamente aos técnicos e aos Filósofos. Porém, as complicações sobre o termo se deve a existência de dois tipos de existencialistas: o cristão defendido por Jaspers de confissão católica; e o ateu entre os quais se situa o Heidegger. Tendo esses dois pontos de vista o que de fato eles têm em comum é simplesmente a afirmação de que a existência precede a essência. Dito de outro modo é necessário partir da subjetividade.

Logo então temos uma crítica para o existencialismo cristão e para a Filosofia essencialista. Quando concebermos um Deus criador, este é visto como um artífice superior, e isso vale para qualquer doutrina que se considera, quer se trate de uma doutrina como a de Descartes ou como a de Leibniz. Até mesmo o ateísmo do século XVIII que elimina a noção de Deus, segundo a tradição, não suprime a ideia de que a essência precede a existência. Qual a grande questão pendente? O homem possui uma natureza. É nesse sentido que o existencialismo ateu representado por Sartre se transfigura de forma mais coerente. Ora, se Deus não existe deve existir um ser no qual a existência precede a essência, um ser livre, que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito e este ser é o homem, a realidade humana. Por isso, a existência precede a essência. Nada existe e pode existir a separar o sujeito de si mesmo. É o homem, que se escolhe: a sua liberdade é incondicional e ele pode mudar seu projeto original ou inicial a qualquer momento. A liberdade consiste na escolha do próprio ser. Assim o existencialismo sartreano afirma a realidade dos homens, através da consciência como liberdade. A essência do homem não precede sua ação, se o homem se faz justamente. Por tanto, o homem é aquele que se projeta no futuro, e tem essa consciência de estar se projetando no futuro. É o homem fruto de sua liberdade- Uma soma de suas escolhas.


Por Claudio Castoriadis 

Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

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