segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Indústria Cultural : A burocratização da sociedade


O pensamento da escola de Frankfurt tem sido identificado de modo excessivamente superficial com o de Marcuse, que sem dúvida é o mais conhecido, mas nem por isso o mais representativo dos estudiosos que, dos anos ao redor de 1930 em diante, se reuniram no “Instituto para Pesquisa Social” de Frankfurt. Pode-se considerar que a história da escola de Frankfurt coincide, em grande parte, com a Biografia intelectual de Horkheime, animador incansável e primeiro inspirador do grupo de intelectuais que se reúnem ao redor dele. Um dos teóricos  do “Instituto Para Pesquisa Social” Theodor Adorno, possui uma produção relevante nesta temática, mas nesse contexto não podemos deixar de citar Walter Benjamin que produz reflexões sobre a técnica de reprodução da obra de arte, no caso particular, o cinema, compreendendo os resultados sociais e políticos dessa massificação ganhando uma dimensão social mais ampliada. O que Adorno estabelecerá como indústria cultural.

A indústria cultural pode ser definida como o conjunto de meios de comunicação como, o cinema, o rádio, a televisão, os jornais e as revistas, que formam um sistema poderoso para gerar lucros e por serem mais acessíveis às massas, exercem um tipo de alienação e controle social, ou seja, ela não só edifica a mercantilização da cultura, como também é legitimada pela demanda desses produtos. O grande problema da indústria cultural implica justamente na forma como esses produtos passaram por uma hierarquização quanto à qualidade, no sentido de privilegiar uma quantificação dos procedimentos da indústria cultural, não há uma preocupação exata com seu conteúdo, mas com o registro estatístico dos consumidores.

A sociedade industrial seria um desdobramento social daquilo que se chamou de Revolução Industrial, aplicado principalmente às transformações ocorridas na Inglaterra durante o período de 1760-1869. É importante lembrar que quando se fala em indústria nesse contexto, não estamos mais nos referindo ao seu sentido original de habilidade, perseverança e diligência, mas num conjunto de empresas fabris, produtivas e frenéticas, ou seja, nesse sentido a indústria passa de habilidade individual para uma instituição social que permeia todo o tecido da sociedade alienada.  Temos então uma sociedade totalmente subordinada pela técnica- A técnica passa a ser a nova estrutura ideológica e instrumento de dominação em massa.
 
A burocratização da sociedade indústrial é provocada pelo desenvolvimento do modo de produção capitalista que aumenta o abuso da intervenção estatal, expande o setor de serviços, desenvolve a “sociedade civil organizada” e expande o domínio burocrático nas empresas privadas devido ao processo de oligopolização da economia. Portanto, a competição social, a mercantilização e a burocratização das relações sociais são os elementos constitutivos da sociedade industrial capitalista. Tudo é condicionado à economia mediante uma produção industrial que condena a degradação do papel filosófico-existencial da cultura.  Enfim, é necessário compreender e manter uma postura  que seja crítica e analítica desse processo de massificação. Pensar esse sistema indústrial vigente na cultura é antes de tudo, tomar como problemática  a gama de problemas culturais vividos no século XX. Devemos rejeitar esse tipo de mistificação ideológica que torna o sujeito cativo em uma sociedade que caminha paulatinamente para uma catástrofe do tipo humano. Ou, como notou o escritor Arthur Feldmann, o preço que usualmente pagamos para sobreviver é a própria vida



Por Claudio Castoriadis
Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

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