quarta-feira, 15 de maio de 2013

Imagem, pensamento: mais-valia!!



Penso que essa imagem é bastante clara para despertar uma ideia do pensador Karl Marx que apontou um abismo socioeconômico mostrando em seus escritos a teoria da mais-valia: a miséria se perpetuava no mundo capitalista mediante os baixos salários oferecidos aos operários como um todo. Mais do que uma simples opção, o baixo salário era parte integrante dos instrumentos que garantiam os lucros almejados pela empresa.

Pense nisso!!



Por Claudio Castoriadis
Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

Desalento, Desencanto. . .

— Eu
Desalento, Desencanto. . .
Abre Aspas, ponto e vírgula
                             Poesia



Claudio Castoriadis
Sobre o Autor:
Claudio Castoriaids Claudio Castoriadis é Professor e blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN. Criador do [ Blog Claudio Castoriadis ] Tem se destacado como crítico literário.Seu interesse é passar o máximo de conhecimento acerca da cultura >

Carlos Marighella, um herói que não teve tempo para o medo.



Nossa democracia é revolucionária. É a democracia da ação, o que é útil à revolução e não a meia dúzia de burocratas e faladores. [...] Se alguém acha que o nosso caminho armado é o correto ou não é correto, faça o favor, siga seu caminho e não está obrigado a seguir o nosso. E quanto a vocês que têm uma posição ideológica determinada, não têm que esperar por mim. Tomem a iniciativa, assumam responsabilidades, façam. É melhor cometer erros fazendo, ainda que disto resulte a morte. Os mortos são os únicos que não fazem autocrítica.



Quem Samba Fica, Quem Não Samba Vai Embora


Carlos Marighella, 1968.




Ele seguia pela Alameda Casa Branca, em São Paulo, quem vai saber ao certo o que se passava em sua cabeça durante esse percurso. Indo ao encontro de seus companheiros Frei Fernando e Frei Ivo, presos pelos militares dias antes. Neste momento, às 20h00, não mais que isso, dirigiu-se ao Fusca usado para os encontros habituais quando era possível. Dias antes, Frei Fernando fora obrigado a ligar para Carlos dizendo pelo telefone, com uma arma apontada para sua cabeça, depois de dias e mais dias de tortura pelos policiais do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS,) o código que usavam para se encontrar: “Aqui é o Ernesto, vou à gráfica hoje”. Tudo fazia parte de um quebra-cabeças insólito cujas peças foram se encaixando pouco a pouco através da superposição das versões de testemunhas que estiveram próximas ao protagonista: Carlos Marighella. O mesmo seguiu o caminho de costume, "era apenas mais um encontro":

Exatamente em frente ao número 800 da Alameda, uma caminhonete permanecia estacionada com policiais, e próximo dali, dentro de um carro, acariciavam-se um casal de namorados. Tudo não passava de uma armadilha. Marighella entrou no carro onde estavam os freis. Seus amigos pularam para fora do automóvel, foi tudo muito rápido, esse era  o plano dos militares que se encontravam em lugares estratégicos.

Percebendo a emboscada, Marighella tentou reagir, mas foi morto a tiros pelos policiais da caminhonete. Durante o tiroteio, o casal de namorados do carro também penetrou na armadilha contra o inimigo número 1 do governo militar: os supostos amantes eram, na verdade, o delegado Sérgio Fleury e Estela Borges Morato, investigadora do DOPS que simulou namorar Fleury. Baleada no tumulto que igualmente deixara morto o protético Friederich Adolf Rohmann, faleceu ali mesmo. O plano teve seu êxito, estava morto o principal inimigo dos militares. e seu corpo exposto por vários veículos da imprensa. Mas a partir daquele momento, construía-se mais um herói nacional que, anos mais tarde, seria homenageado pelas autoridades brasileiras. O corpo de Carlos Marighella encontra-se hoje sepultado em uma jazigo desenhado especialmente para ele por ninguém menos que Oscar Niemayer. Na lápide a frase: “Não tive tempo para ter medo”.
Marighella, um dos personagens mais interessantes do século XX, é, senão uma unanimidade, pelo menos uma personalidade que merece muito mais atenção. E, aos poucos, isso que vai acontecendo. O militante que doou a sua vida pela transformação da sua realidade. Carlos Marighella era baiano, mulato, comunista, guerrilheiro e poeta. Sua trajetória é, ao mesmo tempo, uma manifestação de vida superabundate. Alguém que ousou formular claramente até as últimas consequencias o que até então se murmurava no Brasil cativo. Sua luta ficará eternamente como um modelo insubstituível para a juventude.

Nascera na rua do Desterro, em Salvador, filho de uma negra, Maria Rita, de pais escravos, e de um imigrante italiano, Augusto. Fora aluno da antiga Escola Politécnica da Bahia para cursar Engenharia Civil. Datam desta época suas réplicas em exames documentadas em poesia. Brilhante, Carlos apontava desde cedo seu enorme conteúdo e raciocínio veloz. Tamanha era a dimensão de criatividade e audácia que, durante a efervescência política da década de 1930 que assombrava o Brasil de lado a lado, Marighella decide ingressar na Juventude Comunista.
Contudo, os homens do poder não sabiam exatamente com quem lidava, aquele modesto estudante e militante da Juventude Comunista se tornaria um dos maiores guerrilheiros urbanos que o Brasil já teve e um escritor, mestre das palavras. O Estado, se descuidou  quando fizeram pouco caso das teorias de um jovem militante que relatava  a situação do Brasil, dominado pelas estratégias estadunidenses de erradicação da militância comunista, teorias que seriam abraçadas por cientistas marxistas e por milhares de entusiastas de uma mudança radical contrária ao imperialismo e à ditadura. Eram tempos de Guerra Fria e, ironicamente, os Estados Unidos fariam do “Minimanual do Guerrilheiro Urbano”, escrito pelo próprio Marighella em 1969, um livro base traduzido pela CIA – Central Inteligence Agency, para distribuir entre os serviços de inteligência do mundo inteiro e para servir como material didático na Escola das Américas mantida no Panamá.
É preciso ressaltar que as  obras do “guerrilheiro urbano mais perigoso do Brasil” foram censuradas pelo regime militar brasileiro, mas nem por isso não foram editadas. Em 1970, “Pela Libertação do Brasil” ganhou uma versão na França financiada por intelectuais marxistas.
Quando Carlos decidiu abandonar o curso de Engenharia Civil, lá pelos idos de 1934, seu entusiasmo político o faria ingressar no Partido Comunista Brasileiro (PCB). A partir desta decisão, Marighella se torna um dos combatentes centrais do partido, mudando-se para o Rio de Janeiro a fim de trabalhar na reorganização do Partido criado em 1922.

Após sua primeira prisão, pelo crime de escrever versos, Carlos conheceria a obscuridade dos porões de duas ditaduras brasileiras por muitas ocasiões. Em 1936, pouco tempo depois de chegar ao Rio de Janeiro, a ditadura de Getúlio Vargas não o aceitaria como cidadão comum brasileiro: era a época de caça aos comunistas, a caça as bruxas. A Revolta Vermelha de 35, mais popularizada como Intentona Comunista, uma tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas, desempenhada em novembro de 1935 pelo Partido Comunista Brasileiro em nome da Aliança Nacional Libertadora, traria às celas do Brasil nomes relevantes, da luta armada ou não, da época. Entre eles, Graciliano Ramos. Marighella seria preso por subversão pela polícia de Filinto Müller no mesmo ano que outra personalidade perseguida por Vargas fora também presa: Olga Benário. O baiano permaneceria por um ano nas celas. Olga seria enviada para os campos nazistas e assassinada pelo regime de Adolf Hitler. Graciliano sobreviveria e seria libertado anos depois. Novamente na rua, Marighella entra para a clandestinidade, sendo recapturado em 1939. Só sairia de mais este cárcere seis anos depois, com a anistia no processo de redemocratização do Brasil.
Libertado em 1945, elege-se deputado federal constituinte pelo PCB no ano seguinte, defendendo a causa operária, apontando as apavorantes condições de vida do povo brasileiro e o imperialismo desmedido que tomava conta do país.

Entretanto, perde seu mandato dois anos depois por banimento do próprio partido pela repressão do governo Dutra. A clandestinidade seria novamente o caminho de vida. Viaja para a China entre 1953 e 1954 para conhecer de perto a recente revolução sínica.
Mas o Golpe Militar e os anos desastrosos ditatoriais estavam por surgir. Enquanto a dança sórdida dos militares dava seus ares na arena do poder com a queda do sistema democrático de eleições, com o bloqueio da posse de João Goulart, após a renúncia armada para Jânio Quadros, Carlos Marighella concebia o amanhã catastrófico que esperava de si sua bravura. Seria nos próximos anos que suas obras mais formidáveis seriam registradas, como “Algumas questões sobre a guerrilha no Brasil”, escrita em Cuba durante a I Conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade. Antes desta visita à Havana, Marighella já havia renunciado à Comissão Executiva do PCB por discordar dos caminhos “amenos” pelos quais o partido pretendia lutar contra os ditadores. Em 1964, no primeiro ano da ditadura brasileira, fora preso dentro de um cinema. Em 1965, escreve “A crise brasileira”, quando escolhe pela ousadia da luta armada.
O Partido Comunista Brasileiro expulsaria Carlos em 1967 por discordar das ações que o militante tomava para tentar combater a ditadura que Castelo Branco repassava a Arthur da Costa e Silva. Seria em fevereiro do ano inesquecível para história, 1968, que Marighella fundaria o grupo armado Ação Libertadora Nacional (ALN), responsável, junto ao grupo armado Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick.
Charles Burke Elbrick passava em seu Cadillac pelo bairro de Botafogo quando o grupo de doze pessoas posicionadas em lugares táticos incidiu sobre o carro do embaixador do país mais poderoso e conivente com as ditaduras latino-americanas. O plano se saiu bem-sucedido e entrou para a história como a primeira ocasião que um embaixador tornava-se refém de uma guerrilha. A ALN e o MR-8 buscavam a libertação de 15 presidiários sob poder militar, o que de fato aconteceu. O embaixador foi trocado pelos presos políticos que aterrissaram no México na manhã de 7 de setembro. Marighella, com tantos anos de embates e prisões, fora pendurado nas paredes das ruas e das delegacias brasileiras como inimigo nº 1 do “Estado de ordem, paz e progresso do Brasil”. A tiros, na noite de 4 de novembro de 1969, Marighella deixava o posto de inimigo do Brasil para tornar-se, anos depois, herói da pátria. 

Qualquer tentativa de retratar a história de um filho da liberdade será sempre um rascunho, um esboço frente a poética da sua grandeza. Seja qual for o texto, as lembranças, a mais nobre vontade de homenagem, é preciso ter em mente que não passará de um tristonho, ainda que belo, rascunho.

Marighella, um dos líderes da luta armada contra a ditadura militar no Brasil. Autor do "Manual do Guerrilheiro Urbano", fundador da Ação Libertadora Nacional, primeiro movimento armado pós-64, um herói que falou "basta", um líder "humano, demasiado humano", poeta, bravo, exemplo de coragem, dedicação, estandarte que hoje ilumina os prantos daqueles que amam a liberdade revolucionária. Sim, ele não teve tempo ter medo quando tentou mostrar que outro mundo é possível. Aqui deixei, apenas simples palavras, um pouco da sua história.

Abaixo, um breve vídeo com o depoimento do Carlos Augusto Marighella, filho    de Carlos Marighella, Carlos Augusto que também defendeu, desde a juventude, como líder do Movimento Estudantil Estadual da Bahia, as liberdades democráticas no país.



Por Claudio Castoriadis

Fonte:
Bibiano Girard 
Sobre o Autor:
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