30 de novembro de 1983
Em minha mente a brancura da dúvida silenciosa
– nomes, pessoas, locais, – produzia uma oxigenada impressão, um
clima caverna encantada com todos os acessos para ideias. Quando meu eu
era outro, achava que Deus fosse um antigo lago, achava
que mergulhando em seu brilho glacial as pessoas seriam deveras
pessoas. Sem uma única e superficial fissura! Na passagem de uma ideia
para outra, um som ecoava, como se uma cansativa madrugada tivesse
arrebatado a chama da clareira do ser em si mesmo, insignificante
originário.
Um olhar do outro, estranho, indiferente, não me temporaliza. — Não assusta a ideia de um estado natural da imaginação com ausência de leis? Eu nunca desejei, nunca algo assim entrou em minha cabeça. Afastando seu rosto das sombras, ela olhou de esguelha para o nada. Silêncio, repentinamente um acesso de felicidade.
Um olhar do outro, estranho, indiferente, não me temporaliza. — Não assusta a ideia de um estado natural da imaginação com ausência de leis? Eu nunca desejei, nunca algo assim entrou em minha cabeça. Afastando seu rosto das sombras, ela olhou de esguelha para o nada. Silêncio, repentinamente um acesso de felicidade.
Por Claudio Castoriadis