quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Insignificante originário


 30 de novembro de 1983

Em minha mente a brancura da dúvida silenciosa – nomes, pessoas, locais, – produzia uma oxigenada impressão, um clima caverna encantada com todos os acessos para ideias. Quando meu eu era outro, achava que Deus fosse um antigo lago, achava que mergulhando em seu brilho glacial as pessoas seriam deveras pessoas. Sem uma única e superficial fissura! Na passagem de uma ideia para outra, um som ecoava, como se uma cansativa madrugada tivesse arrebatado a chama da clareira do ser em si mesmo, insignificante originário.

Um olhar do outro, estranho, indiferente, não me temporaliza. — Não assusta a ideia de um estado natural da imaginação com ausência de leis? Eu nunca desejei, nunca algo assim entrou em minha cabeça. Afastando seu rosto das sombras, ela olhou de esguelha para o nada. Silêncio, repentinamente um acesso de felicidade.




Por Claudio Castoriadis

Por nada!


Onde o nada está, eu não existo
Onde eu estou
O nada não se encontra.




Por Claudio Castoriadis


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