O pensamento da escola de
Frankfurt tem sido identificado de modo excessivamente superficial com o de
Marcuse, que sem dúvida é o mais conhecido, mas nem por isso o mais
representativo dos estudiosos que, dos anos ao redor de 1930 em diante, se
reuniram no “Instituto para Pesquisa Social” de Frankfurt. Pode-se considerar
que a história da escola de Frankfurt coincide, em grande parte, com a
Biografia intelectual de Horkheime, animador incansável e primeiro inspirador
do grupo de intelectuais que se reúnem ao redor dele. Um dos teóricos do “Instituto Para Pesquisa Social” Theodor
Adorno, possui uma produção relevante nesta temática, mas nesse contexto não
podemos deixar de citar Walter Benjamin que produz reflexões sobre a técnica de
reprodução da obra de arte, no caso particular, o cinema, compreendendo os
resultados sociais e políticos dessa massificação ganhando uma dimensão social
mais ampliada. O que Adorno estabelecerá como indústria cultural.
A Escola trabalha os elementos
de racionalidade do mundo moderno para denunciá-los como uma nova forma de dominação.
A Dialética do Iluminismo resume de forma exemplar esta filosofia da história que
procura entender a racionalidade como espírito de previsibilidade e de
uniformização das consciências. O livro se afasta dos diagnósticos anteriores,
calcados sobre o fascismo, integra uma compreensão da história mais abrangente,
e o que é mais importante, é escrito na década de 40, tomando-se em
consideração o contacto dos autores com a sociedade americana. Não se pode
esquecer que nele, pela primeira vez, se fala em indústria cultural, conceito
que sintetiza a crítica da cultura de massa nas sociedades modernas.
Quando Adorno e Horkheimer
afirmam que o Iluminismo "se relaciona com as coisas assim como o ditador
se relaciona com os homens", que ele "os conhece na medida em que os
pode manipular", de uma certa forma eles condensam seu pensamento a
respeito da sociedade moderna. O conhecimento manipulatório pressupõe uma
técnica e uma previsibilidade que possa controlar de antemão o comportamento
social. Para ele o mundo pode ser pensado como uma série de variáveis que
integram um sistema único. A possibilidade de controle se vincula à capacidade
que o sistema possui de eliminar as diferenças, reduzindo-as ao mesmo
denominador comum, o que garantiria a previsibilidade das manifestações
sociais. A crítica da racionalidade desvenda desta forma uma crítica do processo
de uniformização.
Por Claudio Castoriadis