Brincando com as palavras e
desconstruindo o sentido da coisa. Eu poderia ficar o resto da minha vida
debruçado sobre as palavras. O som, a força, a modulação – Quase tudo na medida
do possível. É preciso fechar os olhos
para sentir e ver o percurso de uma palavra. Por vezes penso que as mesmas
foram boas com a minha pessoa, sinto que esse consolo nunca me falhou.
Engraçado, com este suspiro me encontro no tal “giro linguístico”- tudo pela
linguagem, nada é como pensamos fora do seu labirinto. Sentido, a palavra que
engatilha a mente do escritor, que motiva todo ser que buscar continuar
existindo. Com o tempo aprendemos gradualmente e lentamente; que tudo ao nosso
redor se encontra no campo do inefável, daquilo que fica preso na garganta, na
gagueira, do não dito.
***
Assim como nossa realidade, um
texto se encontra em movimento. Compreensível para alguns, incógnito para
outros. É tudo uma questão de estabelecer simultaneamente sua própria ligação e
a unidade do conjunto representado.
***
Unidade que simplifica algo
posto em espiral cuja dinâmica evidencia o espaço múltiplo e experimental da
leitura. Nesse contexto (texto) lembrei do Jacques Roubaud que certa vez
afirmou que toda língua é construída com o auxílio de elementos sonoros sem
significado cuja concatenação faz aparecer, na frase, o sentido. Eis a questão,
um sentido que na prática não é, apenas uma referência que se encontra lá
quando se perde aqui.
Por Claudio Castoriadis
Imagem: Morrisey