sábado, 1 de fevereiro de 2014

Crise existencial de um palhaço sem pão, circo e paçoca


Para um bom entendedor, um pouco de silêncio basta. É quase uma máxima, ou proposição da boca de quem cala quando o dizer descarta uma pressa por legitimar suas reviravoltas e revoltas do cotidiano. Sei bem ( duvidando) dessas coisas que resvalo em segredo - apenas eu, outrem, outro eu - compreendo minhas escolhas. Paratriquiando uma breve problemática - eu escolho? Ou a escolha me escolhe? Não tenho propriedade, mas, sou privatizado, meus sentimentos foram plastificados, colonizados, liquidados em liquidação, estou na rua, a rua é um caminho público, mas, não tenho público? Falta uma lar pra reformar, reforma agrária não é piada pra ser contada, essa conta tem valor, os grilhões da minha graça, a tenda da minha existência.


Debaixo desse sorriso falha uma gargalhada, uma comoção, diálogo prodigalizando: uma conversa em ação seria conversação? Sou personagem coadjuvante, um figura falando água molha o nome malhado? De onde vem o discurso volta a confusão? Confúcio era confuso? Incongruências acotovelam dúvidas. 

Eu sou um palhaço, assim eu sou, assim me acho, sou eu aqui falando, sou eu pensando, quando não estou, ausência, quando sou, vou sendo, na verdade eu já era eu antes de ser quem penso - matutando, pipocando acrobacias na mente, pinçando no picadeiro, sou eu o dia inteiro, pedaço, um palhaço, doando colo ao agradável, unindo o útil ao  biodegradável,  fazendo chover estrelas-do-mar, constrangendo do sol o seu brilho cor de marmelada, embrulhando divertidamente devassidão gráfica. 


Por claudio Castoriadis
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